(You can read this in English here)
John Scalzi é o autor mais recente de ficção científica que tenho acompanhado.
Fui fisgado pelo livro “A Guerra do Velho” e suas continuações, como o “Encarcerados”.
Recomendo ambos.
Ele escreve bem, cria tramas e cenários muito interessantes, e personagens bem trabalhados.
Porém, tem outra coisa que me atrai na obra dele, como um escritor que sou.
O John Scalzi nos deixa ver como ele cria tudo isso, mas de forma sutil.
Eu explico como ao longo desse texto sobre criação de histórias.
– Criando Histórias –
Para muitos leigos, escrever é ser arrebatado por uma musa e sair vomitando histórias e pode parecer magia.
Mas quem escreve sabe que a coisa não é bem assim.
Você pode escrever um breve conto num momento de muita inspiração.
Contudo, em geral, a criação de uma história requer escrever muito mais.
Em um livro isso pode significar duas ou 3 vezes mais do que de fato será publicado.
Quando você cria um cenário diferente, como geralmente ocorre na ficção científica,
é preciso criar esse ambiente, os personagens e toda a história de fundo.
Coisas que provavelmente não serão explicitamente narradas no livro.
Porém, em um livro o foco é a trama principal e não todas as histórias daquele universo.
Ainda assim, o autor precisa conhecer todas as histórias daquele universo para poder descrevê-lo de maneira convincente.
O mesmo vale para os seus personagens.
O autor precisa conhecer suas histórias e personalidades, saber se comportam em cada situação.
– Evitando Bloqueios Criativos e Escrevendo mais –
Isso é bem comum.
Ao escrever uma história você pode sofrer bloqueios se ficar só escrevendo sobre a trama principal.
Assim sendo, você deve sempre se deixar desviar e escrever sobre essas outras coisas.
Dessa forma, naturalmente o desenrolar da trama principal começa a surgir.
Você começa a entender o comportamento de cada elemento da trama.
Sem dúvida, terá menos bloqueios criativos e soluções criativas surgirão mais rapidamente.
O John Scalzi não faz diferente.
Sei disso porque ele gosta de partilhar esses seus escritos conosco.
Porque aliado a vários livros ele inclui pequenos contos que são quase spinoffs dos livros.
Nesses contos percebemos que ele aproveita a narrativa do pano de fundo dos livros.
Coisas que você pode inferir ao ler os livros, mas que ele deixa explícito nesses textos.
Em suma, uma forma de matar a cobra e mostrar o pau, mas de forma sutil.
– Conclusão –
Todo autor quer partilhar o que criou, e é uma pena cortar tanto dos livros.
Porque existem muitos trechos e ideias ótimas que não conseguimos encaixar no texto final.
Mas é assim que criamos narrativas que mostram e não contam tudo para os leitores (show don’t tell).
Poucos escritores têm a paciência e controle para fazer isso no mesmo nível do John Scalzi.
Porém, faz parte da fundação de toda boa história.
Assim como uma boa trama e temas relevantes suscitados na obra.
Se quiser saber como eles se relacionam, preste mais atenção no que está lendo.
Ou apenas me procure, eu tenho um curso de escrita e roteiro,
Nesse curso eu falo sobre tudo isso e mais um pouco.
Mas por hoje é só, pessoal!