Ovelha Negra

Curta Metragem Ovelha Branca

O curta Ovelha Branca é a obra original que foi produzida a partir do meu roteiro de estreia no audiovisual.
Foi um exercício do curso de roteiro da ABC onde o tema era decepção.
Ele foi dirigido pelo Josué e pela Gabriela, que fizeram um belo trabalho, ao meu ver, capturando bem a essência do roteiro e ainda sugerindo ótimos detalhes e sacadas que não apenas estão no curta como inseri nas outras versões.
Outras versões?!

Sim, em breve vou colocar aqui a versão em quadrinhos dessa mesma história onde eu pude inserir algumas das ideias originais que não puderam entrar no curta por uma série de limitações do meio. Esta HQ está sendo desenhada pelo Gui Nascimento podem ir lá no instagram dele cobrar. 🙂
E como eu me empolguei com o exercício narrativo, decidi também criar a versão em prosa para treinar a narrativa visual. E esta versão vocês podem ler aqui abaixo.

Esse tipo de exercício e criação está disponível no meu curso de Escrita e Roteiro para Quadrinhos. Interessados entrem em contato.

Vamos ao conto…

Ovelha Negra 

Por Carlos F. Figueiras 

A casa da vovó nunca foi um lugar para onde Márcio desejasse ir. 

Já eram oito e sete da noite, estava chovendo e ele estava parado encarando aquela porta de jequitibá já bem envelhecida, com algumas marcas do tempo. Gerações que ela viu entrar e sair. 
Márcio conhecia bem as linhas talhadas naquela madeira formando painéis retangulares com alguns lados curvos que já faziam parte da paisagem daquela rua tranquila de Botafogo. Uma das poucas que sobrevivera à especulação imobiliária e não foi demolida para dar lugar a um prédio, nem havia se tornado clínica, ou uma loja qualquer. 

Sinal do quão tenaz sua família podia ser. 

Para o bem e para o mal. 

A luz que vazava por entre as frestas da cortina na janela da casa e por debaixo da porta, iluminando seus pés lembravam ao Márcio do inferno que estava prestes a adentrar. 

A chuva já estava passando.  

Como de costume, serviu apenas para deixar o trânsito caótico e o atrasar ainda mais para o jantar de recepção ao Cláudio. O primo Cláudio. 

Cláudio que comia de tudo.  

Cláudio que tirava melhores notas. 

Cláudio que era bom nos esportes. 

Cláudio que tinha sempre uma peguete em vista assim que a atual perdesse a graça. 

Cláudio que era funcionário concursado e ganhava muito bem, ao contrário do Márcio, que mesmo tendo se formado na mesma área, amargava um empreguinho mal remunerado num escritório medíocre. 

Aliás, de onde ele acabara de sair após colocar mais umas horas extras no seu banco de horas que nunca lhe seriam pagas para refazer os relatórios do Rodrigo. Em seguida, a correria para pegar um ônibus lotado onde sua camisa e calça sociais ficaram meio amarrotadas e molhadas.  

O cheiro… até que não era dos piores. 
Márcio aproveitou o cabelo molhado pela chuva para ajeitar o penteado mesmo sem espelho.  

Fechou os olhos e respirou fundo. Era hora de encarar o inevitável. 

DIN-DON!! 

Márcio abriu os olhos e viu um braço feminino se afastando da campainha e se recolhendo em direção à sua dona, Sheila, a atual peguete do Cláudio. 

Vinte e poucos anos; criada no luxo; rosto e corpo bem talhados e trabalhados na academia; unhas postiças dessas que impedem o uso das pontas dos dedos para apertar qualquer botão (o que num mundo cada vez mais digital fazia Márcio se perguntar sempre como aquela moda seguia firme e forte). Sim, loira. Como não? 

Não fosse a provável falta de talento certamente teria se tornado atriz, modelo ou ambas, mas como muitas hoje em dia, trilhou o caminho mais curto de influencer digital divulgando sua beleza e vida fácil para quem quisesse babar ou invejar. 
O Márcio fazia parte do primeiro grupo, e Sheila não era a única que ele seguia nas redes. E foi rolando o perfil dela que Márcio viu seu primo ao lado dela em uma postagem passeando numa praia paradisíaca.  

Nem mais os seus momentos de ficção solitária e virtual eram sagrados para o Cláudio, com aquele sorriso de propaganda de pasta de dentes.  

Depois disso Márcio pode encontrá-la pessoalmente em mais um ou dois eventos da família aos quais Cláudio a levou. 

Surpreendentemente eles ainda estavam juntos, ao que parece. 

Márcio olhou para ela, esboçou um sorriso e um tímido – Oi? 

Sheila estava olhando para a porta e assim permaneceu, com a expressão de alguém que olha para uma porta velha e não é um aficionado por marcenaria.  

Exatamente. Essa mesma. 

O barulho das chaves destrancando a porta por dentro fez Márcio parar de olhar para Sheila e lamber os lábios antes que a umidade transbordasse. 

Detrás da porta surgiu sua avó, cuja postura encolhida o fez lembrar-se dos próprios ombros curvados para a frente que deixavam seu perfil como o de um pombo torto. 

– Boa noite, Sheila, querida. – Cumprimentou a avó com um sorriso nos frágeis lábios. Até os olhinhos se abriram por detrás das pesadas pálpebras e das grossas lentes dos seus óculos. 

– Tudo bem, Dona Quequé? – Respondeu Sheila, agora com o rosto desabrochando num sorriso digno de uma de suas postagens. 

Quequé era de Henriqueta, nome que sua avó odiava e, portanto, há muito adotara o apelido pelo qual todos a conheciam. Poucos fora da família sabiam seu nome de verdade, mas algo naquela cena fez Márcio crer que a Sheila já estava naquele seleto círculo. 

Dona Quequé deu as costas para o Márcio e guiou Sheila para dentro da casa. 

Márcio deixou seus ombros se curvarem mais uma vez, ergueu uma sobrancelha e torceu os lábios enquanto entrou atrás das duas e fechou a porta.  

Nada de novo na casa da vovó. 

Olhando para além da antessala, Márcio viu que sua avó já estava apresentando Sheila para seu pai, seu tio Chico, pai do Cláudio, e seu tio Daniel, irmão mais novo da sua mãe. Os três estavam sentados nas poltronas do outro lado da sala conversando e bebendo uísque, como de costume. 

Antes deles a mesa de jantar já estava parcialmente arrumada com pratos e talheres posicionados, assim como os descansos no centro, sobre os quais seriam colocadas as travessas de comida. 

– Sempre soube que o Cláudio seria alguém na vida. – Declarou o tio Chico para seu pai. – Como vai, Sheila? Tudo bem? 

– Oi, Chico. Oi, Lúcio. Tudo bem, Daniel? – Respondeu Sheila com uma intimidade que Márcio nunca tivera com os pais de amigos. Antes do nome ele sempre incluía o “Seu” ou “Dona”. 

– Tudo bem, Sheila! – Respondeu o tio Daniel. 

– Boa noite. – Respondeu seu pai à Sheila. E voltando à conversa com o tio Chico. – Ouvi dizer que o Cláudio já anda chamando a atenção de uns figurões da política lá em Brasília. 

– O rapaz deve estar pensando em se eleger para algum cargo. – Completou Daniel. 

Nisso, Márcio viu sua mãe entrando na sala vinda do corredor e da cozinha com uma travessa de rosbife ao molho madeira. Márcio estava entre ela e a mesa de jantar, mas sua mãe estava olhando para os demais presentes no lado oposto da sala enquanto dava sua contribuição à conversa.  

– O Cláudio vai é passar na prova de juiz federal e ainda vai ser ministro do STF. Podem anotar! – Ela afirmou pontuando a frase com um aceno da cabeça, e completou com um. – Oi, Sheila! – Logo antes de esbarrar com a travessa em Márcio que ainda tentou se esquivar em vão já que notou sua mãe tarde demais para sair da frente. 

Algumas colheradas do molho derramaram no chão e nas roupas do Márcio. Por sorte não estava muito quente já que por reflexo ele colocou as mãos sob a travessa evitando a queda da mesma. 

Os olhos de sua mãe foram de arregalados a diminutos assim que reconheceu o obstáculo à sua frente. Mas seu olhar arregalou-se mais uma vez ao notar as mãos dele tocando as dela, ambas sujas de molho e ele rapidamente as removeu.  

Ela colocou a travessa sobre a mesa e enquanto limpava com um guardanapo o pouco de molho que derramou nas suas mãos analisou o filho de cima a baixo enquanto ele lambia o saboroso molho de uma das mãos. 

– Só chegou agora, Márcio? – Disparou e completou antes que ele pudesse responder. – E todo amarrotado? 

– É, tive que ficar até mais tarde hoje, e o ônibus… – Interrompeu-se Márcio vendo os lábios de sua mãe se apertarem e a sobrancelha franzir. 

– Vai já pro banheiro tomar um banho! – Ela rosnou por entre os dentes para não dar um berro. Vou pegar umas roupas limpas. 

Márcio sabia que era inútil discutir e cabisbaixo adentrou o corredor rumo ao banheiro.  

– Onde já se viu receber o primo desse jeito? – Completou sua mãe com mais essa facada nas suas costas já tão calejadas que ele sequer se importou em reparar nos demais presentes olhando aquela cena. Márcio já conhecia bem aqueles olhares. 

Mas ele já estava acostumado. O esculacho que levou do seu chefe mais cedo foi bem pior. Ao menos ali havia a ameaça de perder o emprego e não poder mais pagar os 25% do aluguel que rachava com uns amigos.  

Aí teria que voltar a morar com… 

Era melhor nem pensar nisso e curtir a ducha quente bacana da vovó, luxo inexistente no seu modesto apê. Depois aproveitar a boca livre e ir dormir cedo parecia um bom desfecho para um péssimo dia. Assim seria mais fácil encarar a pilha de relatórios do mês passado que seu chefe ainda queria ver refeitos no dia seguinte. 

Já vestido com umas calças e uma camisa do avô já falecido, Márcio saiu do banheiro em direção à sala, mas ao passar pelo quarto da avó viu as mulheres todas reunidas sobre a cama conversando.  

– O Cláudio já chegou, mãe? – Márcio perguntou sabendo que o melhor era ter ido para um canto, mas a fome era grande e o quanto antes ele comesse, o quanto antes ele poderia ir embora. 

– Ainda não. – Respondeu a mãe puxando uma foto de uma grande caixa decorada. – Mas vem aqui. 

Foi quando Márcio notou aquele padrão florido e percebeu o seu erro. 

Elas estavam sentadas ao redor da caixa de recordações da família, uma velha caixa de chapéu em que a avó decidira guardar fotos e cacarecos que servissem de lembrança. E ali já havia mais de 50 anos de sofrimentos, rancores e humilhações que eram rememorados de tempos em tempos.  

– Espia só como ele era uma graça de bebê – Dizia sua avó enquanto mostrava para a Sheila o que certamente era aquela foto do Cláudio com 1 ano na banheira. 

– O que foi? – Disse Márcio arrastando os pés para dentro do quarto, largando os braços e se preparando para o impacto iminente. 

– Lembra desse dia? – Disse sua mãe mostrando a foto assim que ele chegou ao seu lado. 

– Ah,… não. – Márcio respondeu na vã esperança de acabar logo com aquele martírio, mas ele sabia muito bem que o garoto sobre o pódio era seu primo Cláudio quando foi premiado o campeão das olimpíadas da escola onde estudaram. Márcio também sabia que o terceiro cucuruto da esquerda para a direita ao fundo era o dele, provavelmente numa postura semelhante à que tinha agora, bem diferente do primo com peito estufado, pura alegria nos lábios e brilho no olhar. 

– Foi quando o Claudinho venceu as olimpíadas da escola! – Intrometeu-se sua tia fazendo os olhos do Márcio girarem nas órbitas de baixo para cima. 

– Nossa, o Cláudio era mesmo bom aluno. – Disse Sheila puxando um boletim todo azul de dentro da caixa. 

– E adivinha de quem era esse boletim aqui, mocinha. – Sua avó disse para Sheila mostrando um velho boletim do Márcio de alguma série do primário.  

Não era de todo vermelho. Estava mais para um roxo com excesso de magenta. 

Mas nem por isso elas se furtaram a lançar aquele olhar para ele, como se todas tivessem acabado de virar a sola do sapato e ele fosse a origem do mau cheiro. 

Era o sinal que Márcio estava aguardando para dar as costas e sair dali, significava que já haviam se cansado de lembrar o passado em sua presença. Era mais divertido, para elas, quando o Cláudio estava junto. 
Mas sua barriga o fez parar na porta enquanto sua tia puxava a medalha de comendador que o Cláudio recebera uns anos atrás. 

– O que tem para comer? – Perguntou Márcio. 

– Só vamos começar a comer quando o Cláudio chegar. – Respondeu sua mãe sem sequer olhar para ele.

– Ele tá demorando, né? – Disse sua tia. 

– Liguei agora pouco para ele, mas o celular deu fora de área. Ainda não deve ter saído do avião. – Completou Sheila.  

Então Márcio ignorou seu estômago e sumiu pela porta, sem que ninguém notasse. 

Foi com a mesma furtividade da irrelevância que Márcio adentrou a sala e sentou-se em uma cadeira solitária atrás da mesa de jantar do lado oposto ao das poltronas, onde seus tios e seu pai continuavam ponderando as aspirações do seu primo. 
Márcio lamentou não estar com seus fones de ouvido, mas logo puxou o celular do bolso e aquela conversa virou ruído de fundo enquanto ele se entretinha com posts aleatórios nas redes sociais. 
Algumas rolagens para baixo e Márcio viu algo que fez suas mãos tremerem, não o suficiente para impedí-lo de reler a chamada da matéria. 
Clicou no link ainda pensando que se tratava de algum devaneio. 

Em menos de um minuto Márcio ainda meio trêmulo e suando frio levantou-se de supetão da cadeira e olhou ao redor como um predador que sente que uma presa acabou de adentrar seu território. 

Ele começou a andar com um olhar vidrado pela sala olhando atentamente. 

A mesa, as cadeiras, o aparador, a cristaleira, a mesinha de centro,… 

Onde estava? 

Ah, ali na poltrona e debaixo da perna do seu pai. 

Tal qual Arthur, Márcio extraiu o controle remoto de entre a coxa do pai e a poltrona.  

Ainda sob os olhares incrédulos do pai e dos tios Márcio voltou-se para a TV e disparou o botão de ligar como um pistoleiro de sangue frio. 

Por sorte o canal do noticiário já estava sintonizado e reconhecendo a matéria os lábios de Márcio se curvaram ligeiramente para cima enquanto ele aumentava o volume até o máximo. 

– Mais notícias do ocorrido agora pouco no aeroporto de Brasília. – Anunciava o âncora. 

– Mas o que é isso?! – Vociferou seu pai tentando acompanhar o volume da TV e com os olhos arregalados diante de alguém que ele não reconhecia como seu filho. 

– Não viu que estávamos conversando?! – Completou seu tio Chico. 

Márcio os ignorou. Sua atenção era toda da TV onde o âncora prosseguia.  

– O assessor parlamentar Cláudio Bermutes de Oliveira foi preso em flagrante agora pouco com trinta quilos de cocaína em duas maletas… – Declarou o âncora. 

Pelo canto dos olhos Márcio notou queixos caírem e os olhares dos tios e do pai se voltarem para a TV enquanto engasgavam com o que estavam prestes a dizer. 

– Os lábios de Márcio se curvaram um pouco mais. 

– Que gritaria é essa aqui? – Indagou sua mãe que acabara de entrar desbaratinada na sala largando uma travessa de batatas coradas na mesa. 

– O Cláudio já chegou? – Foi a pergunta da tia que trazia arroz, ainda crendo que aquela barulheira era empolgação pela chegada do seu filhinho.  

– Silêncio! – Ordenou seu pai estendendo uma das mãos na direção das duas, mas sem tirar os olhos da TV. 

– Ainda não se sabe a quem pertencia a cocaína, mas o assessor já foi encaminhado à delegacia da Polícia Federal do aeroporto onde foi autuado por tráfico em flagrante. – Dizia um repórter de Brasília em off enquanto imagens do Cláudio sendo conduzido por dois agentes da PF eram exibidas para fazendo os lábios do Márcio se curvarem mais ainda para o alto. 

  • Algemaram o Claudinho, Sônia! – Exclamou o tio Chico tentando conter o choro. 

Márcio ainda olhava para a TV então só escutou quando a tigela de arroz se espatifou no chão. 

Foi quando ele tirou os olhos da tela e viu sua tia desabar nos braços de sua mãe. 

Por detrás delas surgiu sua avó saindo do corredor agitada como ele nunca vira. Sheila vinha atrás com medo da velha desabar em meio a uma de suas passadas oscilantes.  

– O que é isso? Por que o Claudinho está na TV? – Perguntava sua avó com a voz trêmula já se apoiando no tio Daniel. 

Os olhos de Sheila vertiam lágrimas silenciosas que desciam carregando seu rímel em direção aos seus lábios comprimidos. 
Márcio, cujas extremidades dos lábios já quase tocavam as orelhas, estava sentindo algo que nunca sentira ali ou na presença daquelas pessoas. Sua mente flutuou por um momento até que que alguém arrancou o controle remoto de sua mão. 

– Tinha que ser você mesmo! – Berrou sua mãe sem metade da postura passiva agressiva que sempre mantinha. – Quem mandou ligar a TV?! – Ela continuou enquanto desligava o aparelho. 

– Mas, mãe…  

– Calaboca! Olha só o que você fez com todo mundo! E estica essa coluna! Mesmo algemado o Cláudio ainda anda ereto. 

Os lábios de Márcio se inverteram. 

O clima de velório tomou conta da sala por breves instantes até que sua avó murmurou. –  Agora quem vai comer toda essa comida? 

 
O caos voltou a tomar conta da sala conforme os presentes se recuperavam do choque. 

O tio Chico tentava entrar em contato com amigos advogados. O tio Daniel acudia a avó que parecia a beira de um infarto. Sua mãe ligava para a ambulância. 

Sheila já com o rosto vermelho e todo borrado também estava desesperada ao telefone atendendo ligações de amigos. Seu pai tentava acalmar os ânimos e organizar as coisas, mas o efeito era o oposto. 
Ninguém reparou quando Márcio religou a TV. 

Ali sentado à mesa com seus ombros curvos, molho e escárnio escorriam dos lábios de Márcio debruçados sobre o farto prato, enquanto ele apreciava aquela pintura barroca em movimento. 
 
FIM 

4 thoughts on “Ovelha Negra”

  1. Caramba cara, que sensacional a forma que você narra e descreve, é demais o seu jeito de escrever

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