Duna

Muad’dib

A grande leitura deste ano tem sido a série Duna. Tampando um buraco na minha lista de leituras. Quase uma falha de caráter sendo eu fã de ficção científica e fantasia.
Já estou no quarto livro da série e estou gostando muito. Sempre tive receio de ser uma leitura enfadonha, muitos nunca leram além do primeiro romance.
Através do filme, séries e comentários diversos de quem já tinha lido, eu já meio que sabia como era a história. Nunca me importei em ler e dei preferência para outras obras.
Mas o filme que está por vir me deixou empolgado e decidi me aventurar neste universo do Frank Herbert. O primeiro livro flui que é uma beleza. Consegui identificar várias passagens famosas e notar que “the spice must flow” é uma frase que não existe no livro.
O autor insinua um grande universo mas não perde o foco da história que é sobre o predestinado Paul Atreides que mesmo relutante não consegue evitar seu trágico destino, impelido por toda uma conjunção de fatores e o senso de dever que lhe foi incutado pelos pais.
Toda a história é uma alegoria ainda atual de problemas que nos afetam hoje muito mais do que nos anos 60 quando o livro foi escrito.
Questões ambientais, conflitos políticos, financeiros e religiosos formam uma trama bem amarrada onde os personagens e seus dramas pessoais se chocam.
Somamos isso a poderes mentais desenvolvidos por uma humanidade que abdicou do uso de tecnologia não analógica e temos Duna.

Não é uma história de ação. As cenas de ação são breves e precisas culminando grandes períodos de desenvolvimento e suspense.
Os livros seguintes acompanham o desenrolar natural dos eventos transcorridos no primeiro livro, acompanhando a tragédia de Paul e seus descendentes.
Eu achava que George Lucas havia chupado muita coisa de Fundação do Asimov, mas ele pegou muito mais emprestado de Duna. Do Asimov o Lucas pegou alguns cenários secundários, mas de Duna ele aproveitou o cerne, a tragédia de uma linhagem predestinada a grandes feitos às custas de suas liberdades, além de Tatoine ser sem dúvida uma alusão ao Planeta Arrakis. E ao invés de poderes mentais desenvolvidos após anos de estudos e catalisados pela especiaria de Duna, temos a força que também acaba sendo mais forte em uma linhagem específica.
Mas em Duna fica muito bem explicado que Paul Atreides é fruto de séculos de cruzamentos planejados para produzir um ser especial, enquanto em Star Wars… Bom, melhor nem comentar.

Sem entrar em spoilers, leiam Duna. O primeiro livro é sem dúvida uma leitura que qualquer amante dos livros vai curtir. Os livros seguintes são bem interessantes, mas apenas para quem curte longas sagas, como eu, e tem muita curiosidade para saber mais sobre este universo e até onde essa história vai. Estas continuações, em particular o segundo livro, têm partes mais chatinhas e cansativas onde o autor começa a inxertar mais informações, apresentar novos personagens e se aprofundar mais na mente e filosofias de personagens secundários do livro original que ganham mais relevância nos livros seguintes. Passando o segundo livro a história volta a fluir melhor já que o cenário para o resto da saga já foi estabelecido.

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