Confira abaixo o processo de criação de uma das páginas da HQ “Unay”, parte da minha coletânea homônima publicada em 2018 e à venda na minha loja.
No final uma breve análise.
– Página 08
Quadro 1:
Close em Nanine abrindo os olhos acordando do breve desmaio. Seu rosto ainda colado ao chão.
Quadro 2:
Visão geral do local após a confusão. Corpos caídos, todos os tumambás, inclusive o cacique e o pajé, e três dos guerreiros incas.
No altar muito sangue escorrendo para o chão.
Quadro 3:
Close no altar ensanguentado.
Quadro 4:
Close no buraco no centro da mandala, para onde segue o rastro de sangue do altar, e ao lado do qual está caída a adaga cerimonial de Illari.
Quadro 5:
Close no rosto furioso de Nanine.
– Narrador tumambá (Nanine): Jaci!
Quadro 6:
Nanine aterrissando no fundo do buraco que havia no centro da mandala diante do altar.
Ele está com uma machadinha de cobre de um dos incas nas mãos.
O fundo do buraco é escuro e todo escavado na pedra.
Páginas desenhadas pelo Daniel Araujo.
Análise que eu e o Daniel fizemos da página:
Daniel – Nesta página cometi a temeridade de sugerir uma mudança no roteiro do Carlos. Me pareceu boa ideia terminar a pagina com uma ação em suspenso, e com o Nanine mergulhando rumo à escuridão – um pressagio do desfecho sombrio da história e do arco do personagem.
Carlos – Literalmente em suspense. Uma imagem bem mais dinâmica. A minha versão é remanescente de uma sequência que acabei excluindo por questão de espaço, onde Nanine rastejava pelo túnel até chegar na caverna.
Daniel – Também inseri uma metalinguagem. O rastro de sangue e a direção do olhar do Nanine espelham o ziguezague que nossos olhos percorrem na página da HQ e a «leitura» que Nanine tem do que havia ocorrido.
Carlos – Sim, guiando o olhar do leitor para o quadro seguinte. E o layout 3,2,1 onde você acelera a narrativa gradualmente amarra tudo isso muito bem.