Sweet Tooth – A série e a HQ

Eu li Sweet Tooth há alguns anos e já não me recordo de muitos detalhes da história.
E por isso mesmo não vou entrar em spoilers aqui.
Para terem uma ideia, antes de escrever este texto eu cheguei a reler os primeiro capítulos e nem lembrava que a versão que li é colorida.

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É uma boa história, curti a HQ e tinha uma certa expectativa quanto a série.
Depois de Jupiter`s Legacy cheguei a ficar preocupado com a possibilidade de sair algo igualmente fraco.

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Mas por sorte a série é um raro caso de boa adaptação, onde muita coisa é mudada mas a essência é preservada e acabamos com uma segunda boa versão da mesma história.

Então, em termos gerais, o que mudaram da HQ para a série?

O tom: Na HQ a história é toda narrada pelo ponto de vista do Gus. Não existe narrador e a história já começa com o Gus vendo seu pai nas últimas. Então ficamos tão perdidos quanto ele com relação a tudo. Não sabemos que vírus é esse, por que o Gus é daquele jeito, ou como está o mundo além da floresta.
Vamos descobrindo esse universo pós-apocalíptico junto com o Gus.
Então o tom da história é muito mais lúgubre, e isso é acentuado pelo traço tortuoso do Jeff Lemire.
Na série basicamente todo o contexto é explicado de cara no início do primeiro episódio.
Vemos mais da vida de Gus com o pai antes deste morrer e todos os personagens possuem feições mais carinhosas e amigáveis. O narrador, a trilha sonora e a fotografia dão um ar de fábula infantil, o que atenua bastante o contexto dramático.
Outro detalhe, na HQ o pai do Gus não é um sujeito tão amável como na série. Ele era mais rigoroso e não lia livros infantis para o Gus, ele era bem religioso e lia a Bíblia, e doutrinou o garoto a temer o inferno. Foi assim que ele conseguiu manter Gus na floresta, porque o garoto temia mesmo pela sua alma caso cruzasse a cerca.
A montagem: Se na HQ estamos quase o tempo inteiro com Gus, na série temos várias histórias paralelas e vários protagonistas. A trama é muito mais diversificada e assim já somos apresentados a vários personagens que na HQ só vamos conhecer pelos olhos do Gus quando eles se cruzarem. Não lembro bem como a HQ trabalha estes personagens secundários, mas creio que a série os explore muito mais do que a HQ pelo espaço que foi dado a eles. E estou gostando destas histórias.
Tendo nossa pandemia da vida real como referência os roteiristas da série puderam fazer vários paralelos na trama e isso certamente ajuda na identificação do público com os personagens.

Sem reler a HQ é só isso que consigo identificar em linhas gerais.
O que é uma história lúgubre, assustadora e hermética com uma linha narrativa simples se tornou uma espécie de fábula moderna com vários personagens e tramas numa narrativa mais elaborada.
Ah, a HQ possui passagens bem violentas e imprópria para crianças, e a série cortou quase tudo que é impróprio e a violência foi bem suavizada para poder abranger um público maior.

Os roteiristas da série foram inteligentes nas mudanças e na preservação do cerne da história que é o apocalipse de pano de fundo para o relacionamento do garoto inocente com o sujeito endurecido pelos anos sobrevivendo naquele mundo.

Então recomendo ambos, assintam a série e leiam a HQ.
Claro que eu sugiro ler a HQ antes porque terão mais surpresas, mas não creio que a experiência de uma vá estragar a da outra.
A série terá uma segunda temporada, onde eu creio que a história pode ser concluída, e eu penso em reler a HQ antes da segunda temporada sair.

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